Uma Rua ao Frio

O contraste do frio do chão coberto de neve e o calor que vem de dentro do casaco. O choque do ar gelado com o respirar.

segunda-feira, maio 14, 2007

Um domingo no centro da máquina da europa

Largaram-me na rua. Não havia ninguém. As ruas pareciam que acolhiam um deserto invadido apenas por uma ligeira brisa. Comecei a andar em direcção ao meu destino sem ter um caminho exacto por onde ir. Parei. Não havia barulho que se fizesse conhecer. Parecia que ali não havia vida que passasse. Os prédios que durante toda a semana viviam a um ritmo intenso pendiam agora sobre as ruas como se sobre elas descansassem. Não chovia, mas também não estava sol. Impunha-se apenas uma intensa luminosidade amarelada que sobre cada prédio se reflectia desenhando um cenário futurista próprio de uma BD de Enki Bilal. Estava um tempo confortável, demasiado confortável. A sensação de aquele ser um momento do calmo antes da tempestade era grande. Sem fundamento aparente, acelerei o passo. Precisava de um abrigo. Aquele cenário iria desaparecer. Cheguei onde devia, mas parecia que de facto não havia fundamento para as minhas suspeitas. Fui até casa, apreciando pelo caminho como a tarde se fazia sentir nas casas que, desde que aqui cheguei, mostravam pela primeira vez a sua verdadeira cor. Já perto de casa, voltei a acelerar o passo, mas desta vez com razão. Subi, e assim que cheguei à janela, vi lá fora a chuva borrar todo aquele cenário no espaço de 10 minutos.
Parou. Voltei a sair e caminhei pelas ruas que, como se sangrassem, iam deixando escorrer a tinta que por momentos pintou um belo cenário..

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