Uma Rua ao Frio

O contraste do frio do chão coberto de neve e o calor que vem de dentro do casaco. O choque do ar gelado com o respirar.

quinta-feira, março 27, 2008

Quando o conteúdo é demasiado forma...

... ou a forma dá mais conteúdo.

No outro dia li uma resposta engraçada de um músico (guitarrista dos Wilco) quanto ao facto de ter imensos pedais para a guitarra. Aqui está ela:

"OK, people. You all seem fixated, I dare say HYPNOTIZED, by all my damn effects boxes. So here you go: all about my NEW PEDAL BOARD, being used with Wilco and anything else I can find to drag all 75 pounds of it (including swanky road case) to! I confess that it is a bit irritating to me that people seem so fixated on HOW MANY pedals I have. This is because there seems to be something double-edged about it: a kind of fascination mixed with feelings of skepticism and/or disgust, as though it's somehow amazing that I can keep track of it all and at the same time I must be some kind of charlatan to NEED so many pedals! Well, what can I say? I didn't always use them (for quite a while I played mostly acoustic guitar), but I seem to have an aptitude for using them, and I think they're a lot of fun! Seriously, there is way too much emphasis placed on gear in general (read the rest of this column if you haven't already for further amplification of this point), and effects pedals are just another tool, another way to get color into one's life. With Wilco, I have been using more distortion devices than ever (fuzz, overdrive, distortion - sticklers!). This is because I enjoy tailoring my sound very specifically for certain songs. And as I said previously, you can't own too many fuzzboxes in my book! We are living in a time of vast choices in this area - boutique items galore. It wasn't always like this. The 80s were a dark time for a young person looking to get that nasal fuzz sound evident on songs like "Psychotic Reaction" or "Pushin' Too Hard". Everything was all creamy, soaring... Dare I say it, MIDI-controlled, pre-fab hell! At least for me... "

quarta-feira, março 26, 2008

Up here in my tree


Fecho-me neste quarto que me liberta para um mundo sem mapas e sem estradas feitas a não ser as que vou desenhando sem um traço rigoroso. Descubro paisagens que faço mas não conheço. O som da harmonia das camadas de tinta que vou gravando rodopiam como o vento no cabo da roca num dia de céu cinzento. Deixo-me levar por este turbilhão até sentir que aquela viagem é um momento completo. Paro. Ponho a tocar, e fico deitado a ouvir onde me leva, não como quem a faz, mas agora como quem passa por um quadro.

segunda-feira, março 24, 2008

metamorfose

Nestas paredes frias da casa de campo abandonada onde os restos mortais de uma lareira já não aquecem, olho para o espelho que reflecte a janela aberta para um mundo que não quero mais ver.
Uma longa estrada recta ladeada de campos planos ligeiramente animados por um vento calmo, que me leva onde eu quiser. Mas é aqui que eu quero ficar.


01 Philip Glass - Metamorphosis One.wma

quinta-feira, agosto 02, 2007

Na sombra do realismo

(fotografia por eu - Paris)
Neste espaço aberto em que caminho, sinto a sombra dos que por mim passam numa corrente que inunda as ruas enquanto a luz bate no chão desenhando formas e formatos em constante mutação como uma paisagem reflectida num rio.

terça-feira, julho 31, 2007

tempo de partida

(fotografia por eu - Bruxelas)

quarta-feira, junho 06, 2007

uma prenda da machina speculatrix

Sol, verão e... praia (!?)

(fotografia por eu)

Como aproveitar um dos três dias de sol que bruxelas tem? Porque não numas espreguiçadeiras tão bem colocadas num jardim em pleno centro da cidade.

(Nota: 5 minutos depois de eu tirar esta fotografia, começou a chover..)


Em Construção


(fotografia por eu)

terça-feira, maio 29, 2007

À espreita


(fotografia por eu)

segunda-feira, maio 28, 2007

Cheguei, vi e fui vencido!

Ontem regressei a Bruxelas depois de um curto mas óptimo fim de semana em Lisboa.
Depois da longa caminhada solitária da ponta do terminal do aeroporto até à estação de comboio parei na única fila existente, para a única máquina a funcionar que vendia bilhetes para o comboio. Enquanto esperava, alguém falando espanhol pedia ajuda para comprar o bilhete e queria saber que comboio deveria apanhar. Sem problemas tentei ajudá-lo, contudo a máquina só aceitava cartões belgas e nada de dinheiro. De repente vimo-nos ambos numa situação complicada. Disse-lhe que comprariamos no comboio. O meu telefone tocou. Afastei-me das pessoas que rodeavam a máquina e falei por um minuto. Quando desliguei, o senhor que inicialmente se dirigia para mim em espanhol mostrou ser português. No meio daquela troca de cumplicidades patrióticas, o casal que anteriormente estava atrás de nós na fila, dirigiu-se a nós esticando dois bilhetes. Tinham percebido a questão e compraram bilhetes para os dois. Ambos oferecemos dinheiro mas eles recusaram com a frase "welcome to Brussels".
Entrei no comboio e por entre olhadelas pela janela e conversas com o tuga, não parava de pensar no que ali se tinha acabado de passar. Não sei se foi da visita ao nosso país que os influenciou, ou se estavam a pagar uma dívida espiritual, mas fiquei derrotado com aquele acto puramente altruísta, que virou do avesso a minha ideia sobre os belgas, amadurecida ao longo dos nove anos que aqui vivi.
E assim, fico eu a dever uma ao próximo..

sexta-feira, maio 25, 2007

o concerto, o dub e o trio..

Cheguei às dez e dez. Há dez minutos que as portas tinham aberto. Paguei e entrei rápidamente pois já se ouvia a banda a tocar. Assim que cheguei à sala, deparei-me com o espaço vazio, estando ainda a banda a fazer o soundcheck. Eu era o público. Todas as outras pessoas eram técnicos de som, pessoal da casa e seguranças. Estava no meio da confusão da organização, tanto que até dois elementos de uma banda que tocava depois me veio perguntar o que é que tinha que fazer..

O soundcheck acabou, e o palco ficou vazio. Eu estava no meio da plateia, não sabendo como fazer para dar a ideia que o sítio até estava composto. Não havia hipótese. Esperei. A banda esperou. Finalmente entraram mais três pessoas. Dirigiram-se ao bar e lá ficaram. Esperei. A banda esperou. Entraram por entre a espera mais oito pessoas. Não havia mais espera. A banda entrou em palco, coçaram a cabeça como quem diz "viemos de Nova Iorque para isto?", apresentaram-se e começaram a tocar.

Tal como referi, o trio explora as sonoridades do dub, dando-lhe uma abordagem moderna e, desde o último álbum (New Heavy), juntando-lhe guitarradas rasgadas o que impulsiona ao dub, tipicamente embebido pelo off-beat lento do reggae, uma adrenalina intensa. A multiplicidade de sons em stereo faziam daquele trio uma autêntica orquestra, enchendo plenamente a sala com uma massa de som composta por harmonia e dissonância.

O público, portanto eu e mais 11 pessoas, divergia de opinião. Enquanto eu (muito provávelmente o único que os conhecia) me deixava envolver por aquela energia sonora, outros membros estranhavam, outros ficaram curiosos e até já estavam dentro do som no fim do concerto, e outros simplesmente ficaram no bar a conversar, certamente a dizer que já não se pode estar num sítio sem barulho...

Tocaram pouco mais de uma hora, agradeceram a presença do público e sairam sob um aplauso adormecido.

O público, portanto eu e mais 11 pessoas, estava ali bem perto da banda. Contudo não creio que tenha sido um concerto intimista. Eles fizeram o que mais gostam e sabem fazer. Eu adorei ouvir. Saí enquanto entrava bastante gente, e o resto do público ficou para ver as bandas que se seguiam (apenas vi o início do acto seguinte que consistia num glam pop-rock cheio de anos 80 no seu pior!).

sexta-feira, maio 18, 2007

dub trio

É logo à noite, entre bandas que não conheço. A revolução do dub por um trio dinâmico sem medo de explorar o instrumental clássico do dub com novas guitarras rasgadas. Pena não trazerem o Mike Patton com eles..
Amanhã conto como foi!

Take a look at:
www.dubtrio.com
www.myspace.com/dubtrio

quinta-feira, maio 17, 2007

Miragem de uma visão diária

(fotografia por eu)

Luz à sombra de ramos despidos


(fotografia por eu)

terça-feira, maio 15, 2007

Still Life

Uma cidade em autodestruição prepara-se para ser afogada assim que a grande obra for completada, a barragem das Três Gargantas. Duas pessoas bem diferentes procuram o seu passado nos escombros daquela cidade condenada e já meio submersa. O realizador aproveitou o polémico cenário como o palco perfeito para duas histórias de amor esmagadas pelo tempo. Uma ideia brilhante, mas que infelizmente não a soube desenvolver, tendo acrescentado pouco mais com o filme. Assim como está, poderia ser apenas uma curta-metragem… A fotografia é um espanto!

segunda-feira, maio 14, 2007

Um domingo no centro da máquina da europa

Largaram-me na rua. Não havia ninguém. As ruas pareciam que acolhiam um deserto invadido apenas por uma ligeira brisa. Comecei a andar em direcção ao meu destino sem ter um caminho exacto por onde ir. Parei. Não havia barulho que se fizesse conhecer. Parecia que ali não havia vida que passasse. Os prédios que durante toda a semana viviam a um ritmo intenso pendiam agora sobre as ruas como se sobre elas descansassem. Não chovia, mas também não estava sol. Impunha-se apenas uma intensa luminosidade amarelada que sobre cada prédio se reflectia desenhando um cenário futurista próprio de uma BD de Enki Bilal. Estava um tempo confortável, demasiado confortável. A sensação de aquele ser um momento do calmo antes da tempestade era grande. Sem fundamento aparente, acelerei o passo. Precisava de um abrigo. Aquele cenário iria desaparecer. Cheguei onde devia, mas parecia que de facto não havia fundamento para as minhas suspeitas. Fui até casa, apreciando pelo caminho como a tarde se fazia sentir nas casas que, desde que aqui cheguei, mostravam pela primeira vez a sua verdadeira cor. Já perto de casa, voltei a acelerar o passo, mas desta vez com razão. Subi, e assim que cheguei à janela, vi lá fora a chuva borrar todo aquele cenário no espaço de 10 minutos.
Parou. Voltei a sair e caminhei pelas ruas que, como se sangrassem, iam deixando escorrer a tinta que por momentos pintou um belo cenário..

quinta-feira, maio 10, 2007

Sobre o auto-retrato

Pegar na máquina, sem manual, e tirar fotografias. Mexer-lhe nas definições sem esperar resultados, mas apenas aprender com eles. Experimentar. Entre formas, sombras e volumes, tomar um objecto e nele fazer ensaios sobre luz, cor, velocidade. Neste caso só havia eu.. teve que ser.

Auto-retrato IV

(fotografia por eu)

Auto-retrato III

(fotografia por eu)

Auto-retrato II









(fotografias por eu)

Auto-retrato I


(fotografia por eu)

quarta-feira, maio 09, 2007

Ver-te-ei sempre que por aqui passares

(clickar na foto para aumentar)

(fotografia por eu, obrigado a quem mo mostrou :)

Onde estou eu

Há muito que não escrevia nesta rua. Desde o último post, no qual rendi inútil a minha teimosia perante factos, muito se passou. Não estive ausente, mas sim nunca antes tão presente naquilo a que chamo minha vida. Estou de volta, agora na cidade da Europa, da cerveja, dos chocolates, da BD e do Jazz. Estou de volta, e quero continuar a estar presente.