Uma Rua ao Frio

O contraste do frio do chão coberto de neve e o calor que vem de dentro do casaco. O choque do ar gelado com o respirar.

terça-feira, maio 29, 2007

À espreita


(fotografia por eu)

segunda-feira, maio 28, 2007

Cheguei, vi e fui vencido!

Ontem regressei a Bruxelas depois de um curto mas óptimo fim de semana em Lisboa.
Depois da longa caminhada solitária da ponta do terminal do aeroporto até à estação de comboio parei na única fila existente, para a única máquina a funcionar que vendia bilhetes para o comboio. Enquanto esperava, alguém falando espanhol pedia ajuda para comprar o bilhete e queria saber que comboio deveria apanhar. Sem problemas tentei ajudá-lo, contudo a máquina só aceitava cartões belgas e nada de dinheiro. De repente vimo-nos ambos numa situação complicada. Disse-lhe que comprariamos no comboio. O meu telefone tocou. Afastei-me das pessoas que rodeavam a máquina e falei por um minuto. Quando desliguei, o senhor que inicialmente se dirigia para mim em espanhol mostrou ser português. No meio daquela troca de cumplicidades patrióticas, o casal que anteriormente estava atrás de nós na fila, dirigiu-se a nós esticando dois bilhetes. Tinham percebido a questão e compraram bilhetes para os dois. Ambos oferecemos dinheiro mas eles recusaram com a frase "welcome to Brussels".
Entrei no comboio e por entre olhadelas pela janela e conversas com o tuga, não parava de pensar no que ali se tinha acabado de passar. Não sei se foi da visita ao nosso país que os influenciou, ou se estavam a pagar uma dívida espiritual, mas fiquei derrotado com aquele acto puramente altruísta, que virou do avesso a minha ideia sobre os belgas, amadurecida ao longo dos nove anos que aqui vivi.
E assim, fico eu a dever uma ao próximo..

sexta-feira, maio 25, 2007

o concerto, o dub e o trio..

Cheguei às dez e dez. Há dez minutos que as portas tinham aberto. Paguei e entrei rápidamente pois já se ouvia a banda a tocar. Assim que cheguei à sala, deparei-me com o espaço vazio, estando ainda a banda a fazer o soundcheck. Eu era o público. Todas as outras pessoas eram técnicos de som, pessoal da casa e seguranças. Estava no meio da confusão da organização, tanto que até dois elementos de uma banda que tocava depois me veio perguntar o que é que tinha que fazer..

O soundcheck acabou, e o palco ficou vazio. Eu estava no meio da plateia, não sabendo como fazer para dar a ideia que o sítio até estava composto. Não havia hipótese. Esperei. A banda esperou. Finalmente entraram mais três pessoas. Dirigiram-se ao bar e lá ficaram. Esperei. A banda esperou. Entraram por entre a espera mais oito pessoas. Não havia mais espera. A banda entrou em palco, coçaram a cabeça como quem diz "viemos de Nova Iorque para isto?", apresentaram-se e começaram a tocar.

Tal como referi, o trio explora as sonoridades do dub, dando-lhe uma abordagem moderna e, desde o último álbum (New Heavy), juntando-lhe guitarradas rasgadas o que impulsiona ao dub, tipicamente embebido pelo off-beat lento do reggae, uma adrenalina intensa. A multiplicidade de sons em stereo faziam daquele trio uma autêntica orquestra, enchendo plenamente a sala com uma massa de som composta por harmonia e dissonância.

O público, portanto eu e mais 11 pessoas, divergia de opinião. Enquanto eu (muito provávelmente o único que os conhecia) me deixava envolver por aquela energia sonora, outros membros estranhavam, outros ficaram curiosos e até já estavam dentro do som no fim do concerto, e outros simplesmente ficaram no bar a conversar, certamente a dizer que já não se pode estar num sítio sem barulho...

Tocaram pouco mais de uma hora, agradeceram a presença do público e sairam sob um aplauso adormecido.

O público, portanto eu e mais 11 pessoas, estava ali bem perto da banda. Contudo não creio que tenha sido um concerto intimista. Eles fizeram o que mais gostam e sabem fazer. Eu adorei ouvir. Saí enquanto entrava bastante gente, e o resto do público ficou para ver as bandas que se seguiam (apenas vi o início do acto seguinte que consistia num glam pop-rock cheio de anos 80 no seu pior!).

sexta-feira, maio 18, 2007

dub trio

É logo à noite, entre bandas que não conheço. A revolução do dub por um trio dinâmico sem medo de explorar o instrumental clássico do dub com novas guitarras rasgadas. Pena não trazerem o Mike Patton com eles..
Amanhã conto como foi!

Take a look at:
www.dubtrio.com
www.myspace.com/dubtrio

quinta-feira, maio 17, 2007

Miragem de uma visão diária

(fotografia por eu)

Luz à sombra de ramos despidos


(fotografia por eu)

terça-feira, maio 15, 2007

Still Life

Uma cidade em autodestruição prepara-se para ser afogada assim que a grande obra for completada, a barragem das Três Gargantas. Duas pessoas bem diferentes procuram o seu passado nos escombros daquela cidade condenada e já meio submersa. O realizador aproveitou o polémico cenário como o palco perfeito para duas histórias de amor esmagadas pelo tempo. Uma ideia brilhante, mas que infelizmente não a soube desenvolver, tendo acrescentado pouco mais com o filme. Assim como está, poderia ser apenas uma curta-metragem… A fotografia é um espanto!

segunda-feira, maio 14, 2007

Um domingo no centro da máquina da europa

Largaram-me na rua. Não havia ninguém. As ruas pareciam que acolhiam um deserto invadido apenas por uma ligeira brisa. Comecei a andar em direcção ao meu destino sem ter um caminho exacto por onde ir. Parei. Não havia barulho que se fizesse conhecer. Parecia que ali não havia vida que passasse. Os prédios que durante toda a semana viviam a um ritmo intenso pendiam agora sobre as ruas como se sobre elas descansassem. Não chovia, mas também não estava sol. Impunha-se apenas uma intensa luminosidade amarelada que sobre cada prédio se reflectia desenhando um cenário futurista próprio de uma BD de Enki Bilal. Estava um tempo confortável, demasiado confortável. A sensação de aquele ser um momento do calmo antes da tempestade era grande. Sem fundamento aparente, acelerei o passo. Precisava de um abrigo. Aquele cenário iria desaparecer. Cheguei onde devia, mas parecia que de facto não havia fundamento para as minhas suspeitas. Fui até casa, apreciando pelo caminho como a tarde se fazia sentir nas casas que, desde que aqui cheguei, mostravam pela primeira vez a sua verdadeira cor. Já perto de casa, voltei a acelerar o passo, mas desta vez com razão. Subi, e assim que cheguei à janela, vi lá fora a chuva borrar todo aquele cenário no espaço de 10 minutos.
Parou. Voltei a sair e caminhei pelas ruas que, como se sangrassem, iam deixando escorrer a tinta que por momentos pintou um belo cenário..

quinta-feira, maio 10, 2007

Sobre o auto-retrato

Pegar na máquina, sem manual, e tirar fotografias. Mexer-lhe nas definições sem esperar resultados, mas apenas aprender com eles. Experimentar. Entre formas, sombras e volumes, tomar um objecto e nele fazer ensaios sobre luz, cor, velocidade. Neste caso só havia eu.. teve que ser.

Auto-retrato IV

(fotografia por eu)

Auto-retrato III

(fotografia por eu)

Auto-retrato II









(fotografias por eu)

Auto-retrato I


(fotografia por eu)

quarta-feira, maio 09, 2007

Ver-te-ei sempre que por aqui passares

(clickar na foto para aumentar)

(fotografia por eu, obrigado a quem mo mostrou :)

Onde estou eu

Há muito que não escrevia nesta rua. Desde o último post, no qual rendi inútil a minha teimosia perante factos, muito se passou. Não estive ausente, mas sim nunca antes tão presente naquilo a que chamo minha vida. Estou de volta, agora na cidade da Europa, da cerveja, dos chocolates, da BD e do Jazz. Estou de volta, e quero continuar a estar presente.

terça-feira, maio 08, 2007

Regresso ou retrocesso I

Anteontem percorri um caminho por onde há muito não passava, mas que durante anos ligou duas cidades a que eu chamava casa. Nessa altura, não havia nem partidas nem regressos. Simplesmente estava em qualquer uma das cidades num conforto chamado casa. Enquanto uma me dava uma identidade a outra ia-me ajudando a crescer.

Anteontem não foi o mesmo que senti enquanto percorria o caminho que tão bem conheço, mas que agora é claramente a chegada, com um regresso marcado para um tempo que por agora ainda é distante.

Estou de volta ao centro da europa, mas por enquanto estou apenas num canto.